terça-feira, 5 de junho de 2012

Resenha Visions of the Rock Festival

 
Evento: Visions of the Rock Festival
Data: 05/05/2012
Local: Teatro João Lyra. Caruaru/PE
Bandas:
- Anthares (Thrash Metal – SP)
- Cachorro da Duença (Grind/Death Metal – PE)
- Hatefulmurder (Thrash/Death Metal – RJ)

Resenha: Mirella Figueirêdo
Fotos: Marcelo Diniz e Chandler Erick

Caruaru (interior a duas horas de Recife), por enquanto mais conhecida como a “Capital do Forró”, tremeu mais uma vez com mais uma edição do “Visions of the Rock Festival”, que contou, desta vez, com Anthares, Hatefulmurder e Cachorro da Duença em seu ‘cast’.

A ideia do produtor Levi Byrne é de não só mostrar para a população local, mas, também, para os municípios e cidades vizinhas que Caruaru tem, sim, condições de manter um festival de bom e elevado nível dentro da vertente de nosso Heavy Metal. Acompanho o evento desde os primórdios, portanto, posso sim dizer, sem falsa modéstia ou babação, que tal trabalho merece mais atenção, pois o mesmo ajuda a estruturar positivamente na formação mental e cultural de futuros apreciadores da boa música na região!

Na noite do dia 04 (sexta-feira) pude conferir a noite de autógrafos no Shopping 46. Trata-se, exatamente, de uma loja de motos já bem conhecida no local, onde encontramos alguns modelos de motos, capacetes e acessórios. A noite de autógrafos teve uma presença boa do público no local e pude vê, também, alguns vinis do clássico “No Limite Da Força” ser assinados pelos músicos. Foram quase quatro horas de descontração, dando, inclusive, para bater um papo legal com cada membro de ambas as bandas, sendo elas Hatefulmurder e Anthares.

No sábado pude conferir a passagem de som na parte interna do Teatro João Lira. Por volta das 17h30min pude conferir o que estava por vir na noite do dia 05 de maio, estando os cariocas do Hatefulmurder a passar o som.

Cheguei ao local por volta das 20h30 (achando que estava atrasada), mas que nada! Cheguei muito bem a tempo e já era possível ver uma movimentação dos bangers em frente ao local.

A grande noite teve inicio as 23h00, ocorrendo então um atraso bem peculiar nos eventos Underground. Algo que eu já estava ciente desde o princípio era de que o evento ocorreria na parte interna do Teatro (mesmo local onde ocorreu a passagem de som). Fiquei surpresa, assim como senti, por parte do público, certa insatisfação com relação a tal escolha, por conta de que na parte interna, por se tratar de um teatro, o espaço é cheio de cadeiras parafusadas ao chão e para os acostumados a fazer a tão conhecida “roda”, isto tinha 99,9% de chances de não ocorrer lá dentro, tendo então o público que se acomodar entre as cadeiras em pé, em frente ao palco.

O intuito do produtor Levi ao definir entre o espaço externo pelo interno foi de reeducar a forma do público apreciar os shows das bandas, sendo que na parte de fora do teatro o histórico de confusão por parte do público estava impedindo as edições do evento a se tornarem melhores. Lamentável, pois quem acaba perdendo somos nós.

Como havia mencionado, o show teve início as 23h00 e o fluxo de pessoas no local já era bem maior, inclusive pude ver em peso a galera de Recife e cidades vizinhas em maior quantidade que o público da própria localidade. Os escolhidos para iniciar a destruição foram os caras do Cachorro da Duença, banda recém-formada, estando nesta noite fazendo a sua primeira apresentação. Os membros da banda fazem parte da formação de outras bandas mais conhecidas. A banda mescla pitadas de Grind/Punk/Hardcore, com temas que abordam assuntos sobre a humanidade, sociedade, descaso público, caos urbano... Foi bastante gratificante poder conhecer o trabalho desses caras. A banda possui um fudido entrosamento, inclusive com o público, levando em conta a notável agitação no local, que era contagiante, não parando o público de aclamá-los a todo tempo, até mesmo na hora dos intervalos entre uma música e outra. Foram executadas canções como “Vaquejada é Cultura”, “Nazista Nordestino”, “Epidemia de Pedra”, “Holocausto Urbano”, “À Margem”, e alguns covers como “Biotech Is Godzilla” (Sepultura), “Lucro é o Fim” (DFC), “La Migra” (Brujeria) e “Aids, Pop, Repressão” (Ratos de Porão), todas em bom som e acústica. Muita pancadaria no local, porém em um espaço pequeno em frente ao palco. A apresentação findou-se às 23h30, ou seja, meia hora de bastante ‘bangeadas’, com ótima presença de palco. Surpreendeu minhas expectativas, mostrando ser uma boa banda no que se propõe a fazer, tendo a sonorização do ambiente ajudando bastante, dando para apreciar toda parte de voz, backing vocals e instrumental.

Após a ótima apresentação dos caruaruenses do Cachorros Da Duença, cerca de vinte minutos de intervalos para ajustes entre uma banda e outra, exatamente às 23h50 é chegada à vez de entrarem na arena uns caras de uma terra que possuo enorme afago: os cariocas do Hatefulmurder, trazendo até nós seu caos sonoro. A banda se encontra na ativa desde 2008 e vem mantendo boa repercussão nas mídias, tendo sua formação temporariamente alterada (no lugar do baixista Ernani Henrique entrou Rômulo Pirozzi para substituí-lo em determinadas apresentações, por motivo de doença). O repertório foi iniciado pela “Intro” presente no EP “The Wartrail”, denominada “Rise up the Hordes”, que deu sequência a duas outras composições desse mesmo EP de 2011, sendo, então, “The Wartrail”, puxando para um Thrash Metal pesado e na linha do Exodus, e “Caught by The Arms of Death”, onde os vocais do Felipe Lameira me impressionaram bastante. Creio que devido ao mesmo possuir uma personalidade mais fechada e calada, porém quando está em ação parece soltar o monstro que há dentro dele com seu vocal agressivo e com timbres graves. A banda, por sua vez, esbanja competência e mostra bastante seriedade no trabalho que executa. A acústica do local estava perfeita e aparentemente não possuiu nada em tal apresentação que eu tenha reparado para passar de forma negativa para vocês. Sendo assim, os músicos aproveitaram e soltaram para o público que assistia atentamente, as músicas “Striker”, que faz parte da primeira Demo da banda, lançada em 2009, intitulada de “Extreme Level Of Hate”. Tivemos, também, “Scars to God”, música já menos agressiva que as demais, seguida de uma segunda introdução, bastante criativa. De volta ao EP de 2011 tivemos “Black Chapter”, na qual posso considerá-la a mais brutal e agressiva da noite, mostrando que os integrantes possuem bastante concentração ao executá-la. E não parou por aí! Sem muito ‘lenga-lenga’ os caras ainda nos apresentaram “Marck of Genocide”, trabalho técnico, com pitadas mais apuradas de Death Metal, possuindo partes cadenciadas interessantes. Destaque para o Thomas (bateria). Esse cara ‘tira onda’ no que faz, assim como os riffs e solos executados pelo Renan Ribeiro. E não haveria substituição melhor a ser feita no baixo do que pelo Rômulo e sua versatilidade no baixo. O momento cover ficou por conta da música “Territory” do Sepultura, na qual a banda possui uma identidade bem similar aos mineiros, porém a originalidade estava em evidência, tendo os mesmos a executada com um toque a lá Hatefulmurder. Cover muito bem executado. Infelizmente o final havia chegado, mas, felizmente, pudemos contar ainda com a ‘saidera’, a fudida “Extreme Level of Hate”, faixa homônima a primeira Demo.     Os caras são bons no que fazem, dentro do estilo em que se identificam, ou seja, Thrash/Death Metal com características atuais. A apresentação findou-se as 00h40.

Enquanto ajustes eram feitos, para que a tão aguardada Anthares entrasse em ação, mais uma vez o Levi entrou em cena para nos dar uma notícia bombástica! Depois de todo o suspense, pediu a atenção do público para um ‘datashow’ com imagens da primeira edição do “Visions Of The Rock Festival” até as edições nos dias de hoje. Para os amantes do Thrash Metal, a primeira atração ‘gringa’ do festival será a Assassin. A festa foi feita no local e ao fundo a música mais conhecida e também intitulada de “Assassin” acompanhava as imagens expostas no quadro pelo ‘datashow’. Para os que acompanham o festival desde o início foi uma emoção em tal revelação. É mais umas das grandes conquistas que ainda estão por vir. Aguardamos com bastante ansiedade este momento!

A festa não pode parar e não parou. Por volta das 01h10 as luzes foram apagadas, anunciando a entrada dos veteranos do Anthares. O público acompanhava atentamente cada passo dos mesmos e aclamava com gritos, palmas e assobios. Eis que foi ouvida a belíssima “Intro” do Anthares, com solos que me fez vibrar e me deixou bastante satisfeita com os primeiros acordes que ouvi. Da formação original os que permanecem e se fizeram presentes: Pardal (baixo) e Evandro Junior (bateria), complementando a atual formação Mauricio e Topperman (guitarras) e Diego (vocal). A noite, para mim, só cheirava a clássico! E por falar em clássicos, após a “Intro” hipnotizante, fomos agraciados com a fudida “Fúria”. Que devastador! Perfeito! Os solos me lavaram nostalgicamente. A primeira vez que ouvi o “No Limite da Força”, o qual, inclusive, foi gravado pelo Henrique Poço, o qual se fazia presente no evento. A festa só estava começando e fomos presenteados com “Sementes Perdidas”, composição que fará parte do mais novo material que estar por vir, belíssima canção! Na sequência veio “Paranoia Final” e “Pesadelo Sul-americano”. Impossível dar mosh no teatro, mas a empolgação era tanta que cheguei a ver tentativas de alguns. Dentre as músicas mais aguardadas do ‘set’ estava “Vingança”, com sua breve introdução, cheia de melodias arrastadas e possuídas, em seguida, de agressividade. O momento ‘erro técnico’ apareceu... Estando o Topperman já bem cansado da bebedeira desde sexta-feira (da noite de autógrafos), o mesmo iniciou a “Intro” de “Vingança” em outro tom e com atraso, tendo que pausar a apresentação e reiniciá-la, porém tudo natural e extrovertido. A apresentação seguiu normalmente e tivemos “Canibal”, faixa titulo da Demo de 1993, na qual ocorreu o mesmo erro por parte do Topperman que se embolou entre os solos. O ‘set list’ foi bastante atraente, contendo ainda clássicos como “Prisioneiros do Sistema”, a qual teve a participação especial do Henrique Poço nos vocais. Uma apresentação memorável! Tivemos, também, “Ócio” (canção escrita pelo Henrique Poço); apreciamos um cover do Ratos De Porão, com “Plano Furado” (aaah, se não houvesse as malditas cadeiras parafusadas ao chão); “Mercador da Fé” e mais dois clássicos que estavam faltando: “Batalhas Ocultas”, dedicada ao Levi, devido sua garra e determinação, que mesmo em meio as dificuldades nunca deu ouvido a pensamentos negativos, nem nunca desanimou de seus ideais. A melhor e mais aguardada da noite estava por vir: “Chacina” estava faltando! O público pedia por ela a todo o momento. Na hora de sua execução todos a cantaram em voz alta. O som perfeito também ajudou a entendermos e a tornar audível toda a letra cantada pelo Diego. Solos da guitarra e toda técnica e viradas da bateria foram perfeitos. Mais uma vez digo: apresentação memorável! Findado festival as 02h20, ou seja, 01h10 de clássicos!

Em nome do Recife Metal Law, agradeço a toda recepção e ajuda cedida por parte do Levi e toda produção, desde a carona de van de Recife a Caruaru, até a bela recepção. Agradeço pela atenção! Parabenizo a toda a equipe, público, bandas Hatefulmurder, Cachorro da Duença e Anthares, galera de Recife, que compareceu em peso, aos fanzines, fotógrafos e toda imprensa reunida. Somos nós que fazemos tudo isso; nós que mantemos o Metal vivo! Estou ansiosa pela apresentação do Assassin em Caruaru e desejando só sucesso a esta terra! Até a próxima!

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